Seremos Ouvidos ou apenas Escutamos?

Quando finalmente conheci esta Faculdade, com a minha entrada no curso de Psicologia, foram-me dadas imensas possibilidades de a amar por dentro e de fazer dela a minha “casa”. O primeiro convite para fazer parte desta casa surgiu de Marcos Bonito, o antigo “revolucionário” da FCHS. Acatei todas as solicitações e entrei no “mundo” da FCHS, permanecendo em todos os órgãos de gestão como representante dos alunos. Com o propósito de poder ajudar a melhorar a nossa faculdade, estabeleci pontos de comunicação entre os alunos e os professores dos diferentes Departamentos, não esquecendo a importância e individualidade de cada um deles. É claro que tudo isto não se consegue sozinha, e por isso mesmo desafiei alguns alunos de outros cursos para comigo intervirem no dirigismo académico.
Desde o ano lectivo 2004/2005 passei a colaborar com o Conselho Directivo, Conselho Pedagógico, Senado Universitário, Assembleia de Representantes da FCHS e Assembleia da Universidade. Em alguns momentos senti que a minha colaboração passou de uma forma transparente, quase inócua; nuns casos talvez pelo cargo em si, que assumi na condição de suplente; mas noutros, certamente pelo facto de ser efectiva, tomei posições e atitudes mais apropriadas, ou seja, mais interventivas.
Em dados momentos, ao longo destes anos, temi que a minha permanência fosse inútil nos diferentes órgãos da FCHS, devido à atitude serena e apaziguante em que me refugiei. Esta posição, talvez tivesse sido suscitada por timidez, talvez porque nada mais havia a dizer, ou porque havia outro colega que falaria por todos.
Neste último ano, surgiram pela primeira vez duas listas de alunos para os diferentes órgãos, e ainda que não tivéssemos feito qualquer campanha ou pressão sobre os colegas, os mesmos consideraram que a nossa lista seria uma boa alternativa. Este facto proporcionou à faculdade uma maior e melhor divulgação dos órgãos. Ainda assim tornou-se evidente a falta de feedback dos alunos, que não fazem parte destes órgãos. E daqui surge a fraca rentabilidade dos mesmos, derivada do facto de não haver colaboração mútua. Para ser mais elucidativa, escasseia a comunicação directa entre aluno-professor, talvez por timidez dos alunos que não vivem a faculdade e não lutam por um futuro melhor. E sem o apoio dos alunos, os professores e os diferentes órgãos tornam-se pouco actuantes e quase inexequíveis.
Actualmente todos percebem que os alunos fazem a Universidade e são principalmente eles que desencadeiam a união institucional. Ora se os alunos permanecem impávidos e serenos também os professores nada poderão fazer. É simples. Um facto leva ao outro. A união não surge.
É uma pena coexistirem cursos na Faculdade que sobrevivem com alunos que por vezes se “esquecem” de comparecer às aulas. É lamentável saber que alguns professores universitários, neste momento, podem ter a sua vida académica comprometida.
Assim sendo, coloca-se a questão: Seremos ouvidos ou apenas Escutados?!. Por isso, importa saber qual o verdadeiro papel dos alunos nos diferentes órgãos de gestão da FCHS. Apenas sabemos que os órgãos existem e que todos estão ao nosso dispor. Também penso que se a FCHS tivesse um orçamento mais significativo, poderíamos construir um futuro melhor e, sem dúvida, teríamos uma gestão do capital humano mais profícua, não havendo a necessidade de “destruir” cursos e voltar a “reanimá-los”.
Fazendo um balanço de todos estes anos, julgo que a minha experiência nos diferentes órgãos de gestão tem sido positiva, embora admita que a partir de determinado momento silenciei a minha voz para ouvir melhor a dos demais colegas.

Zara Mesquita

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