OS DESAIRES DA VIDA UNIVERSITÁRIA

Ainda me recordo perfeitamente do primeiro dia em que entrei na Universidade do Algarve. Não era ainda aluna cá, vinha apenas de visita, como é hábito naquele dias conhecidos por Semana Aberta. Os sonhos eram naquela altura doces… sonhava em vir para a Universidade e formar-me, aliás, não vir nunca tinha sequer passado pelo meu pensamento.
Agora estou cá, e todos os sonhos e ilusões ficaram pelo caminho. Cada vez mais se ouve dizer “A universidade hoje já não é garantia de nada!”. Se quando sonhava em vir para cá achava que quem dizia isto fazia-lo apenas por maledicência e desprezo, hoje sei que não é assim. De facto, um curso universitário não garante nada a ninguém, a não ser, claro, para aqueles que já têm para onde ir quando saírem daqui. Os cursos, as disciplinas, os professores e até as instalações ficam muito aquém das expectativas. A maioria dos que gostam da área em que se estão a formar e que querem realmente aprender, acabam por sentir sempre um arrepiozinho cada vez que pensam se este é realmente o meio mais eficaz para se instruírem. Quantas vezes não pensei já em desistir do curso, apesar de ter a certeza que estou na área certa? Quantas vezes não pensaram nisso muitos dos meus colegas? Alguns desistem, desiludidos, frustrados; outros resistem, também desiludidos e frustrados!
Para os que gostam de facilitismos, estão no sítio certo porque, vá-se lá saber porquê, o nosso sistema de ensino (ou será só nesta universidade!?) acaba por ser condescendente com os menos esforçados e empurra para o abismo os melhores. Por isso, se queremos sair daqui e ter algum sucesso, há que fazê-lo com muita imaginação. Imaginação para passar por cima da falta de meios, da falta de apoios e da falta de incentivos e imaginação para se ser original e criativo. É preciso também não desanimar, apesar das desilusões. O tempo da ilusão, esse, já lá vai… e agora é preciso continuar, apesar da amarga realidade.

Andreia Fidalgo

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